“O desafio lançado é que tentem, experimentem e depois, mais tarde, tomem a decisão, ou não, de avançar. “
César Araújo
Empresário e Presidente da direção da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário, Confecção e Moda.
O que levou à criação de um projeto de apoio ao empreendedorismo nos sectores do têxtil, vestuário e moda?
A área do empreendedorismo é muito importante. A indústria têxtil, vestuário e moda portuguesa está a sofrer uma transformação de modelos de negócio, de gestão, de liderança, e esta transformação tem que ser aprofundada com novas ideias e conceitos por parte dos empresários no mercado, que têm anos de experiência, mas também por novos protagonistas e futuros líderes.
O mercado internacional destes sectores está igualmente em profunda transformação, abrindo portas a novas oportunidades, novas empresas e novos produtos.
Se a isto juntarmos a inovação tecnológica, o comércio eletrónico e a sustentabilidade social e ambiental (economia circular), é um novo mundo onde Portugal tem de saber ocupar uma posição de relevância.
Por isso abrimos este projeto, para fomentar o aparecimento de protagonistas para estes novos desafios no universo do têxtil, vestuário e moda, que são muito aliciantes.
Que visão tem do empreendedorismo na área da moda em Portugal?
O que tem aparecido tem sido positivo, mas temos que ir mais longe. Têm que aparecer iniciativas e redes de suporte que criem um ambiente mais propício às novas ideias e aos novos empreendedores. Queremos contribuir, de alguma forma, para esse objetivo, criando esta dinâmica.
Que áreas poderão ser mais interessantes para avançar com novos negócios dentro da moda?
Dependerá muito do perfil e das competências dos novos protagonistas, mas eu, enquanto industrial, estou a apostar muito em novos negócios, uns mais ligados à logística e comércio eletrónico, outros mais ligados às marcas, mas direcionadas para os mercados internacionais.
A minha base, há mais de 30 anos, é a indústria de confeção, mas estamos a semear novos negócios pelos quais tenho enorme paixão e em que acredito para o futuro.
O que falta para que haja mais empreendedores a arriscar a criação de negócios próprios?
Talvez faça falta mais investidores, mais networking, redes de apoio, partilha de conhecimentos, de experiências, colaboração… Também é esse o objetivo desta iniciativa: criar pontes.
De que forma a ANIVEC e o CENIT estão a ajudar na promoção de novos negócios na indústria?
Exatamente nisso, a criar pontos de contacto com associações, centros tecnológicos, universidades, empresários, feiras profissionais internacionais,… Temos um portefólio de contactos, fruto de muitos trabalhos que temos desenvolvido, que, perante os desafios concretos de empresários, que apelamos a que se candidatem, podem ser usados para apontar caminhos e estabelecer pontes.
Que conselhos deixaria para os empreendedores que pretendem iniciar um projeto nesta área?
Sobretudo que tentem, que arrisquem – com cuidado, mas arrisquem! Só é empreendedor quem tenta. Experimentar a ideia já é um grande passo, apresentá-la a pessoas que possam ajudar permite validar o conceito e avançar para os passos seguintes. O desafio que é lançado é que tentem, experimentem e depois, mais tarde, tomem a decisão, ou não, de avançar.